domingo, 21 de fevereiro de 2010
La Bonté Qui Tue - Parte 2
domingo, 14 de fevereiro de 2010
La Bonté Qui Tue - Parte 1
Era dado o ano de 1736, e a cidade de Charnoy vivia seu crescimento quase ininterrupto, devido à sua importância para a colônia espanhola (que detinha os domínios da cidade belga), e por ser um importante caminho que cortava os Países Baixos, às margens do rio Sambre.
Em toda sua movimentação havia um jovem sapateiro chamado Françoise-Patrick Clément. Era um jovem sem nenhuma beleza, mas nada assustador. Tinha quase todos os dentes, o que para sua classe era algo de grande orgulho. Era de estatura média, braços longos e finos, acompanhando o corpo magro, com cabelos curtos e negros, e olhos acinzentados.
Trabalhava com senhor Jérôme Cordonnier, sapateiro com preços populares, que tinha em seus calçados a credibilidade de uma boa duração, apesar de não primar muito pela estética, o que limitava seus clientes aos mais populares. Criava Françoise-Patrick desde os seus sete anos, quando sua mãe, uma viajante, morreu de pneumonia. Solidário ao garoto que chorava no chafariz com a mãe no colo, Sr. Cordonnier decidiu, juntamente com sua esposa Catherine, cuidar do menino – já que não podiam ter filhos.
Clément era um bom sapateiro. Nada excepcional, mas competente e esforçado, e suas mãos calejadas atestavam isso. Todos os trabalhadores da rue de la Montagne sabiam disso, afinal, trabalhara desde os oito anos na sapataria do Sr. Cordonnier – e, portanto, quinze anos trabalhando na rua mais movimentada de Charnoy.
A gratidão fazia parte da sua história, mas ela talvez tenha sido a desenvolvedora de um atributo de sua personalidade que lhe seria característico e reconhecido por todos: a sua bondade. E ela foi a causa de toda desgraça de Clément...